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Foto do escritorBernardo Ladeira

Nutrição vegetal e identificação de deficiências e excessos

Entender melhor sobre os nutrientes que as plantas precisam para se desenvolver e saber identificar os sinais de deficiências e excessos sempre ajuda na hora de alimentá-las! Vem que nesse texto vamos explicar sobre todos os nutrientes necessários e mostrar como identificar sinais visuais de deficiências e excessos de macro e micronutrientes no seu cultivo.


Existem elementos essenciais para o bom funcionamento do metabolismo vegetal, dos quais sua deficiência acarreta num mau funcionamento metabólico e prejuízos ao crescimento e desenvolvimento da planta. Na maioria das vezes as deficiências são perceptíveis por sintomas visuais. O único elemento que não é absorvido por meio das raizes é o carbono, e é o mais necessário para a planta. Ele é assimilado por meio da absorção de gás carbônico pela fotossíntese. Todos os outros elementos são assimilados através das raízes do meio em que encontram, eles podem ser divididos em:


Macronutrientes: elementos essenciais exigidos em maior quantidade. Nitrogênio (N), Fósforo (P), Potássio (K), Cálcio (Ca), Magnésio (Mg) e Enxofre (S).


Micronutrientes: igualmente essenciais, porém exigidos em bem menor quantidade. Ferro (Fe), Manganês (Mn), Boro (B), Zinco (Zn), Cobre (Cu), Molibdênio (Mb), Cloro (Cl), Níquel (Ni).


Os nutrientes também podem ser classificados de acordo com a capacidade da planta de redirecioná-los no seu organismo:


Móveis: São aqueles que a planta consegue mover internamente para suprir deficiências em diferentes tecidos e por isso tendem a apresentar os sintomas de deficiência nas folhas mais velhas já que são direcionados para as novas células em formação. Nitrogênio (N), Fósforo (P), Potássio (K), Magnésio (Mg), Molibdênio (Mb) e Níquel (Ni).


Imóveis: São aqueles que ficam imobilizados na constituição da planta e por isso tendem a apresentar deficiência nas folhas e tecidos mais jovens. Cálcio (Ca), Boro (B), Zinco (Zn), Manganês (Mn), Cloro (Cl), Cobalto (Co) e Sílica (Si).

Semimóveis: São aqueles que ficam no meio termo, possuem alguma mobilidade, porém dificultada. Enxofre (S), Ferro (Fe), Cobre (Cu), Selênio (Se) e Sódio (Na).



Funções exercidas pelos macronutrientes:


N – É o elemento mais requerido pelas plantas depois do carbono. Tem função central no metabolismo da planta como um constituinte das proteínas, ácidos nucléico, clorofila, coenzimas, fito hormônios e metabolitos secundários. Ele é absorvido como amônio ou nitrato.


P – É um elemento estrutural de ácidos nucléicos e tem uma função importante nos mecanismos de energia de todo ser vivo, como um componente das adenosinas fosfatadas (ADP, ATP). Essencial para transferência de carboidratos nas células foliares. É absorvido como ácido fosfórico.


K – Principal composto na regulação osmótica, importante na abertura e fechamento dos estômatos, afeta o acúmulo de açucares e capacidade de distribuição de nutrientes internos da planta. É absorvido como cátion monovalente.


Ca – É importante componente da parede celular e osmorregulador. É essencial na regulação do desenvolvimento da planta em resposta ao meio ambiente. É absorvido como cátion bivalente.


Mg – É um componente da clorofila e é necessário para fotossíntese e síntese de proteínas. É absorvido como cátion bivalente.


S – Utilizado na composição de aminoácidos, enzimas e compostos secundários importantes para o metabolismo da planta. Ele é absorvido como sulfato.



Funções exercidas pelos micronutrientes:


Fe – Tem um papel crucial no sistema de oxirredução das células e em várias enzimas.


Mn e Cu – É importante para o sistema de oxirredução, como ativadores de várias enzimas, incluindo aqueles envolvidos nos mecanismos de desintoxicação de radicais superóxido e para a síntese de lignina.


B - É crucial para integridade da parede celular e da membrana.


Cl - Desempenha um papel na osmorregulação e movimento dos estômatos.


Zn - Desempenha um papel na desintoxicação de radicais superóxido, na integridade da membrana, bem como a síntese de proteínas e do fitohormônio IAA.


Mo - É importante para o metabolismo do nitrogênio, como componente metálico da nitrogenase (fixação N₂) e enzimas nitrato redutase.


Ni – Está envolvido no metabolismo do nitrogênio, como metal presente na enzima urease




Deficiências e excessos


Para te ajudar a melhor identificar os possíveis sinais de deficiência e excesso de nutrientes, prepararamos este esquema com os princípios visuais para diagnóstico de desordens nutricionais:


Imagem: feita pelo autor



Sintomas de deficiências nos macronutrientes


N – Quando em deficiência no meio radicular, a planta reage em duas fases: Na primeira fase a taxa de alongamento da folha reduz sem afetar a fotossíntese. O crescimento radicular é mantido ou até estimulado para assimilação de carbono pelas raízes. Em uma segunda fase tendo a deficiência se mantido é desencadeado uma quebra de proteínas e ácidos nucleicos, que está associado ao amarelamento das folhas. Como o nitrogênio é facilmente mobilizado ele é direcionado das folhas antigas para partes mais essenciais, por isso os sinais de amarelamento acontecem primeiro nas folhas inferiores. A deficiência severa leva à quebra do Rubisco, enzima associada à fixação de carbono, levando a uma redução da taxa de fotossíntese e redução do crescimento geral. Genes associados ao metabolismo secundário sofrem degeneração induzida.


P – A planta pode demorar algumas semanas para apresentar os sintomas visuais de deficiência. Inicialmente há uma redução da taxa de crescimento, posteriormente aparecem manchas verde oliva em padrão irregular juntas aos folíolos nas folhas inferiores mais antigas. Com a permanência da deficiência as manchas aumentam e se tornam afundadas com alguma necrose marginal. Em casos de deficiência severa as manchas cobrem uma área grande das folhas e desenvolvem-se porções necróticas grandes.


K – Os sintomas visuais podem demorar a aparecerem e começam nas folhas mais antigas com o amarelecimento dos serrilhados dos folíolos. Com a persistência da deficiência o amarelecimento se intensifica e se expande para dentro em direção à nervura. Quando se torna severa aparecem necroses nas folhas, principalmente nos serrilhados dos folíolos.


Ca – A taxa de crescimento reduz, os brotamentos têm um crescimento irregular com o afinamento da base dos folíolos e coloração verde mais claro. Com a progressão da deficiência as folhas mais jovens desenvolvem clorose intervenal nas margens e necroses, além dos brotamentos estagnarem. O desenvolvimento de frutos fica prejudicado e a planta mais susceptível ao ataque de pragas.


Mg – Caracterizado pelo desenvolvimento de clorose intervenal nas folhas mais antigas, progredindo para o aumento do amarelecimento e intensificação do contraste com a nervura esverdeada, ocorrendo o surgimento de regiões necróticas.


S – Assim como na deficiência de nitrogênio o coeficiente de biomassa (partes aéreas/raiz) cai. A interrupção do fornecimento de enxofre diminui a condutividade hidráulica da raiz, abertura dos estômatos e fotossíntese. Acarreta a redução do tamanho e número de célula das folhas, resultando em folhas mais finas e menores.

imagens : Characterization of Nutrient Disorders of Cannabis sativa, Cockson et al.



Sintomas de deficiências nos micronutrientes


Fe – Os sintomas se iniciam tardiamente com clorose intervenal e clareamento dos brotamentos, com a persistência da deficiência a clorose se espalha para as folhas mais jovens da porção mediana para cima, enquanto as folhas mais antigas permanecem com sua tonalidade normal.


Mn – Em plantas deficientes em manganês a produção de matéria seca, fotossíntese líquida e conteúdo de clorofila diminui rapidamente. As plantas também ficam mais susceptíveis a danos por baixas temperaturas. Inicialmente as folhas das regiões superiores e centrais desenvolvem clorose intervenal começando pelos veios e expandindo-se para as bordas dos folíolos, com a progressão o amarelecimento das regiões intervenais se intensifica e fica bem distinto dos veios. Pequenas regiões necróticas de coloração castanho se desenvolvem.


Zn – Os sintomas visíveis mais característicos da deficiência de Zn são crescimento atrofiado devido ao encurtamento dos entrenós e há uma drástica diminuição no tamanho da folha. A deficiência de zinco se manifesta tardiamente por meio do amarelecimento das margens dos folíolos, principalmente da região serrilhada das folhas mais jovens. À medida que progride o amarelecimento se torna manchas necróticas irregulares principalmente nas margens.


Cu – Alta disponibilidade de nitrogênio pode levar à uma deficiência de cobre, e a deficiência apresenta sintomas tardiamente. Há uma desaceleração no crescimento acompanhado por uma ligeira distorção das folhas mais novas e em expansão, especialmente na base do folíolo. A base dos folíolos são mais estreitas e apresentam leve amarelecimento. Nos sintomas avançados, as folhas novas e em expansão apresentam um estreitamento da base mais pronunciado, distorção e começa a apresentar clorose internerval marginal. Em estágios avançados, toda a folha apresenta uma fina clorose internerval e a margem da folha distorcida, curvando-se ligeiramente para dentro e para baixo. As folhas novas e em expansão também apresentam uma ligeira perda de espessura.


B – Sua deficiência induz à falha na formação das sementes e frutos. Os brotamentos e as folhas novas apresentam crescimento distorcido, os folíolos novos são menores e mais finos na base, comparados com a ponta. Quando avançada, as pontas dos folíolos se tornam necróticas e as folhas se distorcem severamente, curvando-se para dentro e para baixo a partir do pecíolo.


Ni – A deficiência de níquel resulta em diminuição da atividade da urease e subsequentemente na toxicidade da ureia, resultando em necrose na ponta dos folíolos.


Mo – A deficiência de molibdênio é rara. As folhas mais antigas e médias amarelam nas pontas, algumas folhas desenvolvem clorose intervenal. A folhas continuam a perder cor e as margens se desenvolvem curvadas e enroladas. Com o progresso da deficiência as folhas se tornam distorcidas, secam nas extremidades e caem.


Cl – Os sinais de deficiência e excesso são similares, as folhas mais jovens começam a ficar com uma coloração bronze.


imagem: Characterization of Nutrient Disorders of Cannabis sativa, Cockson et al.



O que você achou sobre esse macete de identificar as deficiêcias e excessos? Vai te ajudar a entender melhor o que sua planta está precisando? Comenta aí!



Fonte:

  • Cockson, P.; Landis, H.; Smith, T.; Hicks, K.; Whipker, B.E. Characterization of Nutrient Disorders of Cannabis sativa. Appl. Sci. 2019, 9, 4432. https://doi.org/10.3390/app9204432.

  • Petra Marschner. School of Agriculture, Food and Wine. The University of Adelaide. Australia. Marschner’s Mineral Nutrition of Higher Plants.

  • Jorge Cervantes. The Cannabis Encyclopedia, 2015.

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